História Resumida do Concelho de Ansião
As primeiras referências a Ansião datam de 1175, em documentos que se referem à Herdade de Ansion e à sua ligação ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e de 1216, na Carta de Aforamento da mesma herdade, mas só em julho de 1514 se estabelece a elevação a vila, com foral outorgado por D. Manuel I.
No Cancioneiro Geral de Garcia de Resende mencionam-se as Serras de Anssyam e num outro momento da história o topónimo encontra-se ligado a um Ancião, mudando para o topónimo atual em meados do século passado.
Na segunda metade do século XVII, o senhorio de Ansião é entregue ao 3º Conde de Ericeira, D. Luiz de Menezes, como reconhecimento do seu papel durante a Guerra da Restauração. O padrão seiscentista, homenagem do Senado de Ansião a este general, prova, na sua epígrafe latina, o agradecimento régio pelo seu valor e coragem nas batalhas de Ameixial e Montes Claros.
O pelourinho, atualmente localizado à frente da Junta de Freguesia de Ansião, encontra-se, também, ligado à família deste senhor de Ansião, tendo estado outrora à frente da Residência Senhorial dos Condes de Ericeira - hoje Paços do Concelho.
A Ponte da Cal, com as suas características de seiscentos e surpresas à espera de serem descobertas, mostra-nos o rio Nabão onde, reza a lenda, a Rainha Santa Isabel, passando por uma outra ponte, anterior à atual, banhou os pés no rio e deu esmola a um Ancião. A capelinha existente, em honra de S. Pedro e da Rainha Santa, remete-nos para uma altura em que os tanques eram utilizados num ritual associado a milagres: os banhos santos.
A Igreja Matriz, construída num período de transição arquitetónica, mostra-nos essa riqueza de estilos, complementando-se com a Capela da Misericórdia, cujas armas no teto nos remetem para um tempo de reis e rainhas, numa viagem pela História. Ambas edificadas com características barrocas e ligações a diferentes momentos da história e da arte nacionais.
Num só edifício, no Complexo Monumental de Santiago da Guarda, é possível viajar no tempo e observar diferentes épocas históricas, desde a Residência Senhorial dos Condes de Castelo Melhor, classificada monumento nacional em 1978 (torre quatrocentista com base medieval - prova inegável da importância desta região durante a Reconquista Cristã, rodeada por um edifício manuelino), a uma Villa Romana de final de império, escavada em pleno século XXI. A epígrafe em Latim, no exterior da torre, levantou o véu para a existência de vestígios romanos, referindo o pagamento dos impostos ao município vizinho e comprovou a passagem da via romana, que ligava Bracara Augusta a Olisipo, por este concelho.
De norte a sul, todas as freguesias convidam a uma visita, de Alvorge - ao seu Centro Etnográfico e às ruínas da Quinta da Ladeia, a Santiago da Guarda, onde encontramos a Casa Museu dos Fósseis de Sicó, os moinhos de vento tradicionais e o Complexo Monumental, entre outros. Passando pela freguesia de Ansião, onde podemos visitar a Igreja da Torre de Vale de Todos e o freixo centenário situado na Lagarteira, a sul, encontramos três das antigas Cinco Vilas: Avelar, Chão de Couce e Pousaflores, que nos mostram o património natural e edificado variado: os pelourinhos que remetem para carta de foral de 12 de novembro de 1514, o Forno do Avelar e a lenda ligada à festa da Senhora da Guia, imortalizada por Alfredo Keil; o retábulo de Mestre Malhoa que se tornou a sua última obra completa: Nossa Senhora da Consolação, padroeira de Chão de Couce; igrejas barrocas e contemporâneas; moinhos de vento e parques eólicos.
Ansião mostra o progresso de mãos dadas com a tradição: um todo unido onde as diferenças na história, na gastronomia, nas tradições, enriquecem um concelho!